domingo, 8 de março de 2009

A arte de bem flatular


Reencontro do núcleo-duro daquela ancestral Faculdade, que pecava já pelos adiares consecutivos e distância crescente entre alguns membros da seita, instantaneamente, ao bom estilo dos gajos, esquecida ao som estridente do primeiro "'Tás gooordo, caralho!" ou "Homeeeeeee!" e valente aperto de costado, com dose extrema de sincera saudade, podendo ser confundida com algum tipo de paneleirismo por quem de fora vê mas... Que se foda! Boa aparência e postura escorreita não faziam parte da lista de trabalhos do encontro da Brigada e os bons hábitos mantiveram-se, com um clima de caralhada da pior, comentários trolhescos e fácies de nojo e reprovação ao redor num restaurante pejado de tias ou pretendentes a. De qualquer das formas, comprovando uma antiga teoria que qualquer dia compartilho convosco, a postura de talhantes "bad boys" atrai gajedo e sofremos uma abordagem apresentativa da parte de uma qualquer senhora oriunda de uma mesa de tipas que, segundo tudo indica, iniciavam uma festa de despedida de solteira. Pena serem barrolhas senão...! Ah caralho, era um ver se te avias!.. Pagaríamos a conta e iríamos à nossa vidinha na mesma.

Cortando nas divagações pelo avançado da hora e pela perspectiva de precoce levante amanhã, que estar sozinho dá umas certas ganas de me pôr a falar para o boneco -escrever, neste caso, balelas e merdas afins-, apesar dos meses de penosa distância há hábitos verdadeiramente genuínos que nunca mudam, sendo um dos principais a libertação massiva e compulsiva de metano nos automóveis dos outros, uma prática engraçada, imensamente construtiva e de partilha ampla, fazendo recuar também ao tempo de um ainda mais atrasado Portugal em que os serões em família eram passados no binómio peido/risada.
Hoje, e já eu, outrora, havia tocado ao de leve, mas sonoramente, no assunto aquando de estadia curta no Cartola, não se ficou pelos veículos, desenvolvendo-se de forma quase automática, denotando apetência para a coisa, uma técnica que permite caminhar e arrebimbar uma bufarda tão decibélica quanto um tiro ao mesmo tempo, sem corte ou mudança de padrão de marcha, o que, feito em grupo, cria bastante curiosidade e sublime admiração a quem se desloca na nossa retaguarda ou queima uns alvéolos e alimenta umas mutações à porta de um qualquer café. "De quem será o cagueiro cantante?", pensam, coçando a cabeça. Mais intrigante se torna quando passa a ser um peido-polifónico, digno de constar nas listagens do Clube Jamba, ou, melhor ainda, um peido em stereo ou mesmo surround, fazendo desviar olhares e rodar cabeças o alegre e saltitante grupo que não pára, qual espectáculo teatral e de dança contemporânea ao mesmo tempo.

O próximo passo, figurando de forma não surpreendente no protocolo do lascanço, é fazer o mesmo sem o anonimato conferido pelo factor "grupo", preferencialmente em ambientes que acarretem algum risco, tema também já abordado e que, muito brevemente, figurará na listagem de façanhas já perfeitamente treinadas e dominadas. Apesar da diversão que proporciona e, consequentemente -e confiando num daqueles mails altamente científicos, dos anos de vida adicionais pelo condicionamento positivo cardiovascular que rir acarreta, os níveis de adrenalina permanecem baixos, não "dando pica" por aí além. Assim, sugiro, fundamentadamente, que todos vós, após conseguirem atingir o patamar da farpa pública sonora, experimentem cagar-se num recanto relativamente exíguo e pertencente a entidades hierarquicamente superiores, tendo plena noção da possibilidade de entrada em cena (de guerrilha química) de tais personagens e ideia alguma sobre o timing de tal hipotética aparição.
"PRRRRRRRRR! Ai e se o chefe chega? PRRRRRRRRFF!... PRRRFFffff. fff... Beifica!"
Esqueçam as drogas neuroestimulantes, esqueçam desportos que colocam em risco a vossa carapaça óssea e conteúdo bandulhal, esqueçam caminhadas sobre brasas, mergulhos em apneia e merdas afins! Haverá algo mais excitante que a possibilidade de ser apanhado a meio de uma descarga do vento merdoso?! Qual a reacção? Qual a admoestação? Qual a vossa cara e a cara do boss que assoma a focinheira à porta do empestado cubículo? Qual a desculpa esfarrapada que surgirá e será automaticamente proferida? Tudo isso incógnitas mais importantes e certamente mais interessantes que a génese do próprio Universo!
Se se quiserem rir nervosa e estupidamente, experimentem fazê-lo com alguém ao vosso lado que terá mais a cabeça no cepo do que vós próprios: pessoalmente, adoro esmerdar-me todo, após consumo prolongado de leguminosas, naquela de aumentar o factor "perigo", no gabinete do Chefe de Orto., ao lado do gabinete dos especialistas de Med. e contiguamente ao gabinete do meu próprio Director, neste último já em missão solitária.


Mas há lá coisa mais fácil que peidar, caralho?! Nem melhor...

6 comentários:

Catsone disse...

Desculpa lá o comentário do post anterior: isto aqui é coisa de macho. Reunirem-se em matilha e libertar flatos!
Concordo perfeitamente contigo e trouxeste um travo à saudade e a repolho!

MA-S disse...

ok...um post dedicado ao "peido em grupo" em sítios públicos é bonito!
Quantas pessoas andam por aí a controlarem-se para não emitirem gases nocivos para a atmosfera e narizes alheios, vão vocês e "toma lá"!
Flatulem bem! Como diria um cirurgião do HDS: "Mais vale perder uma amigo, que meio metro de intestino!".

Badmadafaka disse...

Catsone, para próxima reunião convidamos-te; será a praxe de iniciação colocar-te de joelhos e levares uma bufarda de cada um. Vais ver que vais gostar, os brasileiros gostam desse tipo de porras kinky.
MA-S, bem-vinda seja. Aponte em sítio onde não se perca nas brumas da História tão sábia frase, por favor, e faça uma vénia por mim a tal Senhor!

MA-S disse...

ok, obrigadinha pelo welkome (lol)...Vou escrever num post-it amarelo e colá-lo na testa para ver se me esqueço:P

Sahaisis disse...

Neste post lembras-te esse magnifico filme nacional...balas e bolinhos 2, um grupo de colegas meus que tem esse hábito agradável em frente ao gajedo (curioso que comigo não resulta porque mesmo que tenha vontade de me gregar limito-me a ignorar) e as minhas velhotas do hospital :p

Anónimo disse...

Até borras-te!!! Vai buscar que a manada de viados virou grupo de machões tugas! Finalmente...