sexta-feira, 26 de junho de 2009

Miguel Joaquim, a morte de um astro

Pois é verdade, parece que abandonou o Mundo o denominado Rei da Pop.
Segundo fontes seguras, terá falecido por problemas de coração na sua "nursery" no rancho Neverland, apontando as primeiras investigações para um "quebrar" do nobre órgão após ter descoberto que os dentes do rapaz que o abocanhava já não eram decíduos...

"Cucu!, vou atazanar putos lá para o quinto dos Infernos!"

Há coisas que chocam



Como é que alguém pode ter uma pintelheira tão frondosa ao ponto de se incendiar? Chocante... E desagradável cheirinho a chamusco, pela certa.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ode ao Granda Benfas

Ode pictórica, que o tempo não abunda para considerações minimamente dignas acerca desse grande ícone desportivo mundial, somente para exemplificar que um Beiiifiquista mantém o estatuto e classe em qualquer ponto do Globo, gostando de apresentar o carro mais adornado dos arredores da China.







Como será falado em Cantonês?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Culto & Revival #6

Conhecedor CB, Le Chef dos extasiantes pitéus musicais, brinda-me hoje com esta divina não-comédia musical, bem séria na orquestração e lirismo, que me sinto na obrigação de colocar no blog, mais que não seja por ter passado valentes horas a trautear (assassinar, se quiserdes) a dita canção: The Divine Comedy - The Frog Princess

terça-feira, 23 de junho de 2009

Frase da semana #7

Mais em jeito de pensamento do mês do que propriamente frase da semana, surgiu em conversação inspirada entre dois gajos no mesmo patamar de bardajonice, coisa difícil de se conceber, mais rara ainda de se conseguir, como fácil é de se constatar, o seguinte ensinamento a todos os porcalhões que por aqui param e às estimadas suínas leitoras também, tementes a divindades, condição forçosa, sejam elas quais forem:

"Se uma cadela ciosa, vulgo gaja, passa mais do que o período preconizado por Deus sem dar o parreco, isto é, os cinco dias de viscoso fluxo menstrual, é logicamente lícito, pelas Leis do Senhor, que se pine com outro feminídeo, não sendo considerado o adultério, como linear é, pecado"

Diz na Bíblia: dores de cabeça são curadas com um par de chavelhos!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Orientando, parte #2

Pequim, 08 de Junho de 2009

Por muito que quisesse dar notícias de deixar alguma inveja no ar, na China continental o acesso à internet é feito através da chamada "The Great Wall of China", trabalhando nessa gigantesca muralha de controlo cerca de 600000 pessoas diariamente, de forma a que o acesso a diversas páginas esteja truncada e que toda a informação enviada seja perscrutada (desta forma, perdoem-me se alguns milhares de chinocas ficaram a saber que, aos sortudos a quem escrevi e-mails, sois umas meretrizes e rabetões descomunais!), sendo o blogspot uma das que recebe carimbo vermelho por parte dos amigos de Mao; mais, bastantes pesquisas no Google e afins produzem zero resultados, se não experimente-se Tian'anmen ou derivados... Numa China mais que globalizada, o acesso a variada informação é tudo menos possível... Adiante!

Zhuhai foi a transição tanto em termos de espaço físico como de tempo entre a vista e revista Macau e o mundo chinês, não havendo nada a destacar na nossa curta estadia nessa "pequena" cidade (1,5 milhões de habitantes, dados de 2004, tanto quanto podem ser exactos naquela parte do Globo) a não ser o colossal e contrafeito mercado no subsolo e a interminável distância que separava o barato, em bitola europeia, e muito razoável hotel, sito a um milhar de metros da fronteira que, ao ser cruzada, não nos brindou com a sensação esperada de mistério e místico desconhecido, quiçá por grande culpa do mar de gente que a cruzou connosco, e o aeroporto. A viagem, por artérias de 4 e 5 faixas em cada sentido, demorou uns angustiantes 45 minutos entre poucas paragens em semáforos e os 140 km horários que o homicida-suicida (posteriormente vim a saber que tal se aprende nas escolas de condução - será que as há? - chinesas) motorista imprimia ao corroído Jetta, moradia de contentes baratas, simpáticas que eram em fazer questão de nos brindar com uns "olás" na mala e tablier. Viajar na China é uma aventura aterradora, feita sem regras quaisquer de ultrapassagem, sentido de rodagem, de cruzamento e prioridade, do mínimo do escasso civismo europeu, que mais tarde, embora cedo, aprendi a tolerar sem sobressaltos (tão) frequentes e uma grande camada de resignação. O que é um facto é que, por muito temerário que seja o caos automobilovelocipédico, acidentes são raridade. Serão formatados também para comunicar telepaticamente?
Ligeiramente abanados e agitados como uma garrafa de Compal, após três milenas e meia de turbulentos kms, aterrámos em Pequim: casa de 13 milhões de habitantes, a primeira cidade que comporta acima de um Portugal em termos populacionais do meu currículo... O aeroporto dá para lá meter dentro umas boas cortes e cortelhos alinhados e arrumar uns poucos fardos de palha à sombra, longe das agruras torrantes do astro-rei e dos vendavais que os desmancham, com 1.3 milhões de metros quadrados; a viagem de 1,6 euros até aos 20 anos e 1 dia de Tian'anmen demorou quase uma hora na vida de um autocarro bastante diligente.
Levados pela necessidade, deixamo-nos "levar" por um molho de taxistas, já com o preço inicial reduzido a metade, que cá tudo se regateia, até comida, que se ficam a rir por nos conduzirem ao longínquo albergue por o que vale, individualmente, um pacote de pastilhas-elástica com sabor a melancia...
Malas pousadas, segue-se para o "Temple of Heaven" que se estende até perder de vista, muito arborizado, com ar respirável apesar de um Sol tímido que vai espreitando, a medo, por detrás de um biombo de smog, e com as típicas construções de fotografia, de qualquer das formas imponentes e de deixar a mandíbula caída e a máquina a gritar por alcalina bateria, que ansiávamos visitar. Quianmen seguiu-se na lista, simpático e pacato local para saborear os últimos acepipes do dia e ala que está findo o dia, avizinhando-se o catecolaminizante raiar do dia seguinte de ida às Muralhas.
Epinefrina e norepinefrina extra da viagem, em decrescentes doses, tal como numa montanha-russa a que nos habituamos, equilibrada pela serotonina do primeiro contacto visual com a envolvência: morros até onde a vista alcança, teleférico para cima, toboggan para baixo... We'll take the stairs, of course!!
Escalada penosa para a grande maioria, com considerável acumulado métrico vertical a cumprir, deliciosa para o meu par de pulmões entorpecidos , desejosos de respirarem verdadeiramente, e para os gastrocnémios, saudosos de exercício; degraus dois-a-dois, coração cada vez mais em excesso de velocidade pela emoção antecipativa de colocar o pé pela primeira vez naquele pedaço de História mirabolante, lanço atrás de lanço e... fabuloso!, só eu e um afável velho vendedor de água e bananas que faz todos os dias cerca de 15 kms por aquelas escarpas acima e abaixo, carregando os duros enérgicos ossos que nem um burro. Cedo se povoa aquilo e cedo rumo à direita, ponto final mais próximo da parte visitável.
Não me cabe na imaginação como foi possível erguer tamanho monumento durante os milhares de quilómetros que a constituem em locais tão inóspitos e inacessíveis... Mas com indescritível deleite para a retina e psiqué, contudo, respondendo em conformidade músculos e glândulas sudoríparas.
Atinjo o fim do permitido, vou mais além, não sendo o único saltitante transgressor. Pena o nublado do dia mas compartilharei abaixo algumas das fotos possíveis de tirar, já que a sensação de alegria, essa, mais difícil é de vo-la transmitir. Volto atrás, sempre em velocidade-cruzeiro, parando para mais meia-dúzia de fotos aqui, meia-dezena ali, alcançando os colegas de aventura, por fim, aqueles que rumaram inicialmente à "esquerda". Fazemos o resto do percurso, parte descendente inclusivamente, juntos, todos com um brilho de maravilha e deslumbrada realização; não plenos, contudo, que o tempo sobrante não permitia a escalada final, quase vertical, altiva, que se nos impunha.
O "Silk Market", local gigante, mais um, onde regatear peças contrafeitas não me merece extensas palavras depois disto...
O dia seguinte começou chuvoso, uma daquelas trovoadas de Murphy para tentar arruinar o esquema... Verdade que os ânimos esmoreceram mas rapidamente nos sujeitámos a frio duche com a "Cidade Proibida" na mente e bilhete de metro no bolso. Apesar da intempérie, é fabulosa a visão e, mais, a tamanha extravagância para um só ser. O mesmo teço em relação ao "Summer Palace": cada travessa pintada manualmente, cada recanto cuidado, cada monumental construção de fazer inveja aos deuses ocidentais, tudo para Imperador e família lá passarem uns dias no Verão... Grandioso, umas centenas de anos volvidas e esses "pormenores" postos de parte.
À saída, constatamos novamente que taxistas são taxistas (em Mandarim, philhás-de-putah!) em qualquer ponto do Globo: recusaram-se a levar-nos pois sabíamos o custo real da viagem. Uma caminhada de uma hora pela frente, portanto, agradável mas a somar ao cansaço que se ia acumulando; sorte, a chuva havia cessado. O Complexo Olímpico ficava nas "redondezas" e a magnificência não destoava do nos vínhamos a habituar...
Altura de me "isolar" do grupo, contrafeita que seria também um nova ida ao "Silk Market", movo-me por Pequim sozinho, qual abelha numa majestosa colmeia; uma abelha inundada de estrondosa sensação de liberdade e coberta de odores de levar ao vómito.

Muda a minha opinião preconcebida e ignorante do povo chinês: são, maioritariamente, bons e amistosos anfitriões. São, também, a par e passo, uma engrenada máquina de construção incessante e uma enorme máquina ceifeira, deixando um rasto poluído de assassínio terrestre no cerne de uma sociedade globalizada e, estou em crer, brevemente globalizante.

Com admiração e, ao mesmo tempo, vontade de um holocausto de mentalidades (pelo menos) pouco autoconservadoras, rumaria até ao próximo destino: Xi'an.
































quinta-feira, 4 de junho de 2009

Capataz


Vejo-me e revejo-me dezenas de vezes ao mês na sagrada posição de capataz, minha profissão, como vos disse anteriormente, de sonho, bem mais nobre, essencial e motivante do que a actual.
(Dreaming...)
A cadeirinha de lona desdobrável que equilibra o recostar, o chapéu de palha suado com fitinha do Benfica, barbicha de 3 dias por fazer, dando descanso à lâmina da BIC, já meia ruça a contrastar com a pele torrado-encardida pela poeira e sol, olhos semicerrados a maior parte do tempo, um respirar agreste e pesado do cigarrito mandado enrolar, dentes luzidios da limpeza do palito e goelas acabadas de pulverizar com aerossol de mentol e eucalipto, braços cruzados sobre o peito e apoiados na curvatura abdominal proeminente, unhaca do 5º dedo limpa com uma ponta-e-mola, calças de ganga rafadas e com manchas de cimento, diluente e sangue do último gajo que molengou, um colar de orelhas de preto ao pendurão no pescoço só para impor distâncias e respeito devido...
"Dinamizador de obras" na lapela e na boca palavras duras proferidas em voz grossa, fazendo girar o mecanismo operário: "Bexigas, caraaaalhoo!, toca a bufar mais massa na puta da betoneira!"; "Quim-Zé, seu cabaz de cornos alentejanos, mexe a puta da padaria e traz-me uma bejeca bem fresca, cabrão de merda!"; "Serafim, larga o focinho do estupor do Tibúrcio e vem cá coçar-me o forro dos colhões que tenho uma comichão do caralhinho!"; "Côdeas, é botar a merda do martelo no máximo até te arrancar esses apêndices sidosos de bêbedo desnutrido a que chamas braços!"; "Toca a andar, filhas de uma grandessíssima puta!"; "Sebento, manda aí uma boca com classe a essa vaca cuzuda que está a passar que eu hoje já trabalhei muito e estou cansado como o caralho!"; "Que merda foi essa, seu bandalho? Faltares ao respeito à senhora?! O que este animal queria dizer, querida, era que te metia p'ró cu como se fosse cona!"; "Beifica... tanta bergamassa nestes reservatório do amor e aquela porca de parreca desocupada..."; "Chapiscar, chapiscar, chapiscar, paneleirões!"; "Jaquim, anda cá sacudir-me o salho que acabei de me mijar todo!"; "Esbrilhava-te essa xoina toda!"; "Caraaaaaaaaaaaaalhoooooo...!"
E sai um valente escarro amarelo-esverdeado a misturar com a argamassa...
"Isto hoje a vida está um inferno..." Para que aboliram o uso do chicote...?

Rien Faire vs Internato Complementar

Agora que estou no bem-bom, longe das glutonas e corrosivas rotinas, de escroto rafado de tanto escarafunchar com as unhacas, ataca-me, durante um dos momentos de real refastelamento, a ideia de que cedo voltarei ao trabalho: sempre ouvi dizer que vida de interno é vida de cão - não daquelas "mascotes" tipo pompons altamente irritantes que as pretensas tias teimam em utilizar para caiar a tripa quando o frouxo do estropício, a que se vêem forçadas a chamar de marido para lhe aliviarem o peso da carteira e aumentarem a carga gravítica da testa, não está ou não tem força no pedaço pecador e o leiteiro está de baixa, mas dos que têm que labutar no duro se querem o naco de pão com vinho no final do dia e não querem enfardar com o cajado pastoril por permitirem o tresmalhar momentâneo de uma amostra de ovelha - e é-o, factualmente, sem tempo para dedicarmos a nós próprios se o queremos ter, para os nossos, por mínimo que seja, albardados de trabalhos dos ditos de "encher-chouriços", aulas a dar para fazer currículo, movimentadas urgências para quebrar a rotina e a semana, estudo aos quilos que aguardam episódios múltiplos de voracidade, que tardam em chegar pois o apetite surge com residual paz de espírito e sossego de agenda, e ainda supostamente devedores de préstimo de vassalagem.
Se qualquer um dos pontos não carece propriamente de um esmiuçar ulterior, dada a acuidade do comum senso no que concerne qualquer deles, carecem todos de sabedoria que se demonstra em falta e de um dia de 36 horas, que não adquirir conhecimentos fundamentais e, mesmo assim, não dormir mais de 4 ou 5 horas por noite é desgastante física e psiquicamente e deixa-me ainda mais doido do que já sou de base.
Entra então também, no campo da loucura, leia-se, a passada escolha de especialidade que conduziu ao cognome, em jeito inicial de castiça retaliação, de "Cadeirinhas" (grande mérito na escolha, Dr. Tossinhas), que eu almejava entusiasmante, desafiante, vastamente abrangente e, assim, pouco monótona e bem distante do "botar carimbo" que a rotula, mas que, se no início me parecia ser erróneo, agora me parece, tem manhãs, cada vez mais acertado. Proporei a alteração de nickname na próxima reunião de internos para "Chapa 5", que, para além de mais frequente que prescrição de cadeiras, é menos deprimente já que, por cada trotinete que passo, tenho aos ombros o peso de mais um par de pernas da liberdade, do "eu" habitual, de autoestima, cortado. Gostava de organizar corridas com essa base, cadeiras tunadas "Macau-style", cheias de merdinhas de carbono, spoilers altíssimos, saias e jantes brilhantes, quádruplas abufadeiras do tamanho do encosto dorsolombar, pneus de baixo perfil, apoios de braços aerodinâmicos reguláveis em altura e rigidez, extractores de ar para dar o groundforce extra necessário àquela curva mais apertada... Tudo isto com apostas, para apimentar a coisa e movimentar massas. Uma espécie de 33º casino da região mas mais físico (exceptuando as verdadeiras putas, que dificilmente se distinguem, segundo consta por aí, dos abafadores de palhinha tailandeses e vietnamitas, ansiosos por mamar no berlaite por 30 dollars de Hong Kong, coisa que equivale, redondamente, a um trio de euros, isto é, perto do subsídio de alimentação português, contornando o sistema uma vez que devem comer umas esporraletes valentes durante a noite).
Isso ou ser capataz...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

"Ontem à noite tentaram-me biolar"

(ass)

É verdade, estou todo fodido do cu!! Amanhã dar-lhe-ei descanso e não ingerirei comida com caril ou chili ou pimentada ou merdas do género! Cagar é um obrigatório tormento e a falta de bidés em Macau a minha penitência dharmica por todo o mal que fiz no passado ao escudo ozónico com as bufardas que estalam do nalgame! Puta que pariu, esta merda não tem historinha nenhuma, Tone!

Orientando, parte #1

Macau é uma terra de contrastes, gigantescos contrastes culturais, sociais, económicos, audiovisuais, sendo, na verdadeira essência do que se pretende que se veja, uma mescla de pompa, soberba, ostentação e sobranceira pseudo-vida que serve de fachada, mal e porcamente - e ainda bem que não consegue sufocar e engolir a real componente da cidade -, ocidentalizada ou mesmo americanizada, à verdadeira vida e azáfama típica oriental.
É estranho, tão mais que as aberrações estruturais e luminosas que baptizaram de Casinos, ver os ditos mamarrachos erguendo-se capitalisticamente ao lado do que mais parecem gaiolas e que albergam um número imenso de famílias, labutantes por natureza, quer nesses mesmos locais de quase-culto asiático -sim, que a atracção, seja lá ela qual for, e vício do jogo correm-lhes nas artérias de calibre acentuado -, quer nas mil e uma lojas de comércio tradicional ou nem por isso, quer nas bancas de venda de rua, essas sim, repletas de cores inebriantes e cheiros tão massacrantes quanto cativantes, como que fazendo, por si só, uma impregnação cultural instantânea ou, quiçá, uma viagem aos tempos medievais ocidentais, exceptuando, creio, o odor a óleo que também embebe suadas vestes e cabelos.
Do alto, firme linha traçada entre o lazer LasVeguiano, transportado em Maybachs, S600, Astons, Bentleys e Royces, bem como em milenas de máquinas que variam entre o artilhadas com mestria - para se deslocarem somente, tipo jaula, neste pequeno pedacinho Chinês - e o parolamente ridículo que faria corar de vergonha até o pior azeiteiro luso-descendente, e a Ásia típica, chegando a causar um certo desconforto estomacal, mesmo a quem não se identifica em nada com o primeiro dos estilos ou manias, a ideia de cruzar o que aparentam ser as conhecidas favelas, cobertas de chapas de zinco fervente. Mas lá está, uma vez lá, dá-se a tal transformação temporocultural, envolvem dita em plena tranquilidade e, grande contribuição para tal, na simpática habituação ao estrangeiros, havendo mesmo quem ainda fale, orgulhosa e hospitaleiramente, Português, entrecortada por olhares mais jocosos e palavras provavelmente concordantes oriundas de jovens cabeças redondas uniformizadas de escolas e colégios. Retribuo, claro, não só com o cordial cumprimento que podeis ver na entrada anterior e outros de idêntico gabarito, como com as fotos que considero indispensáveis, racionando, infelizmente, o pouco espaço que o diacho do cartão tem disponível.

Gostei, gostei hoje, mais do que visitar os incontornáveis pontos em destaque no mapa turístico, de me perder sem tempo naquele formigueiro humano, de caminhar até pés e costas gritarem por clemência, suados até aos ossos desta temperatura sempre igual, rondando os 30ºC, e da humidade relativa de quase 90%; gostei e gosto da experimentação gustativa, dos cheiros, mesmo dos nauseabundos que me activam os neurónios motores de contracção gástrica e peristaltismo esofágico inverso, gosto da sensação de liberdade e mundanismo, apesar de me dirigir para junto de um dos magnificentes hotéis-casino, de ter que gesticular para que me entendam e, do outro lado, que tenham que fazer o mesmo, sempre de sorriso vestido, gosto de estar a milhares de quilómetros do que me é familiar, do que me é confortável, cómodo e não requer esforço de interacção. Gosto, por outro lado, da saudade, da saudade do meu cantinho, dos meus, do olhar embevecido que se me surge quando me assaltam, e tantas vezes, a memória. Sensação grandiosa, bem mais alta que qualquer arranha-céu.
Confesso que, apesar de tudo, gostei também de observar, na calmaria da noite de ontem, num recanto quase mágico da Taipa, junto ao delta malcheiroso e pedregoso, rodeado de silvados que resistem à forçada globalização, a fachada da península de Macau, tendo de confessar que, por breves instantes, a horteirice dos néons me pareceu linda.

Próximo passo, até à China Continental imiscuir-me em mercados, regatear, esquivar-me, espero, a uma valente caganeira, visitar Pequim e um sonho muralhesco que nutro desde criança, cansar-me que nem um burro, mirar uma qualquer colecção de soldados de terra-cota - espécie de merda, estou em crer, mas que me dizem ser cultural e rica e que me fará muito bem - e regressar à orla do Pacífico para visitar Hong Kong em dois electrizantes dias antes de quase 24 horas de viagem.
Ufff, a ideia faz-me alapar o cu no sofá com bastante veemência mas, paradoxalmente, cria uma mola bem potente que me impulsiona daqui para fora: vamos lá viver o Mundo!