domingo, 12 de outubro de 2008

Sitting in a tin can

Dois universos paralelos, com fugazes pontes de interligação, um em constante grito surdo, quase agonizante, por contacto, lançando pseudópodos desejosos de aceitação ricocheteando na invisível cápsula do outro, retornando em movimento de rebound violento, num murro líquido que fere impiedosamente o ponto de impacto cardíaco e afoga em dor dilacerante as terminações nervosas alcançáveis em ondas definhantes de pele, músculo, tendão, osso, alma.
Universos que se pretendiam convergentes na linha do Tempo, porosos, permeáveis, íntegros no seu ser individual mas, concomitante e nada paradoxalmente, pastosos de forma permissiva a uma mistura assaz harmoniosa, celestialmente perfeita de formas e conteúdos palpáveis e intangíveis; contudo, de paralelismo mantido, fruto de vis trocas de massa e matéria gélida, obscuras, auto-centradas, inegociáveis, de aniões sobrecheios, repelindo-se e quebrando o paralelismo opostamente ao ansiado, em razão proporcionalmente directa com a crescente concentração de carga iónica semelhante.
Universos de caras mutáveis temporalmente - de duas caras, no fundo, tão díspares no início e no fim que repulsam; de falhas, defeitos, medos perdidos por um e adquiridos por outro; de amigáveis sistemas planetários abertos e expostos em orgulhosa e babada bandeja, outros permanentemente impenetráveis e galvanizados em curiosa quase vergonha.

A Física é madrasta. A Química também.

Sem comentários: