sábado, 3 de janeiro de 2009

Arrefinfadelas

Seria, quid sapit, de presumir um início de ano com uma entrada em concordância, descrevendo a glaciar passagem de ano, com pendentes invertidos de gelo brotando quais estalagmites da ponte pedonal a mirar com duas gotas de água em estado menos sólido o ignóbil desperdício de dinheiro em pólvora; de imaginar que teceria considerações sobre a mudança no rumo da Vida e do País com o virar de calendário, que partilharia também os desejos que não fiz aquando das passas que não comi porque estava demasiadamente concentrado em, frustrantemente, procurar um pouco de calor desentorpecedor do miocárdio, desejos esses que ocuparam um relampejar do meu tempo de comunhão com a merda da primeira cagadela -e que opulenta foi! Cagar é das melhores obrigações.- do ano, para instantaneamente se misturarem com ela na idiotice que é desejar em vez de objectivos traçar e sublinhar - e esses bem cravados estão, se por vezes não muito claramente na mente, em papel que pretendo bíblia.

Não, não falarei disso; há assuntos bem menos explorados, bem mais importantes e menos assentes em improbabilidades.
Falarei de algo que me me atormenta pessoalmente - e que creio que o faz a metade da comunidade masculina que não se alheia do facto de haver sempre alguém a observar -, de forma recorrente e em particular durante longas permanências em enfermarias ou Serviços de Urgência: parece que o sistema cavernoesponjoso se lembra de hiperfuncionar sem motivo para que o faça (se bem que dá um explosivo gozo sentirmo-nos com 15 anos de novo, de chaimite cheio por nada ou tão só porque assim acordou motivado logo pela manhã) quando deveria estar tranquilo e vegetante, quando se torna somente incómodo e, indecorosamente, pede ainda auxílio à glande, que, ária como o caminho de Moisés após afincar com o cajado, barra a regressão prepucial à ponta do pichoto, ficando, ela própria, no roça-roça com a lycra, causando um arrepio de desconforto adicional.

Levanta-se, então, um problema bem maior que ter que se apertar a bata para disfarce do pacote volumoso que torna as calças dismórficas, que também de si é uma horrenda quebra na comodidade e, pior, no estilo não-médico pomposo e pretensioso: como ajeitar o malho e recobrir a cachola mono-ocular sem ninguém dar por isso e de forma a cessar o sofrimento d'alma?
Sacar do dito, cuspir-lhe para que adormeça ou acorde na totalidade, fora de questão, até porque seria algo verdadeiramente sebento e pornalhesco, coisa de que ninguém gosta; arrefinfar o prepúcio por cima das calças, descaradamente, é um bilhete de ida para a fama de mexerico do caralho que arruína qualquer relação de respeito e veneração rabichosa que as porcas presentes tenham para contigo próprio, se bem que seja, de longe, o mais prático e eficiente até nova entesadela; correr para a casa-de-banho ou, e aqui reside a arte, trabalhar o bacamarte através dos bolsos da bata ou, mais arriscado, das calças, de forma a que o prepúcio fique preso na lycra e a pila em bloco venha em direcção à sua raíz, coisa que não acontecerá se já houver esmegma mas, e redundância é, se o houver, não há sensação de fricção e a mortadela anda basal em termos sensitivos. Escuso de explicar como se processa tal truque, que o essencial é a prática intensiva, até porque, mesmo após as horas de voo necessárias ao brevet, há sempre falhas nas manobras do Boeing e recurso à verdadeira arrefinfadela.

Grande é o Homem quando, a par de uma boa arrefinfadela de colhões, performa uma intrépida arrefinfadela de prepúcio, pois está em paz consigo e a cagar para as paneleirices das regras de etiqueta que tão contranatura são. Ainda preciso crescer...

Coçá-los, por outro lado, é integralmente abjecto

4 comentários:

Sahaisis disse...

E pensar em velhinhas de 90 anos, não ajuda? Não será bem mais simples do que andar nessas manobras? Ou usar o desinfectante das mãos no animal? para o deixar morto de uma vez por todas, enquanto se berra aos pulos enfermaria abaixo??

Badmadafaka disse...

Que erro crasso o meu! Na maioria das vezes em que se tem que arrefinfar o dito já o bilau minguou, donde o desinfectante serviria somente para pular e pinchar. Nice catch, anyway :)*

Sahaisis disse...

Caramba...com tanto vocabulário clínico de elevada erudição não estou certa de ter descortinado bem o total sentido do que escreveste, mas não te incomodes em traduzir, que eu fico bem só com o amplo sentido das palavras :P

Anónimo disse...

Deus pode querer
O homem pode sonhar
Mas quando o pilau comicha
Tê-lo-ás que coçar

Penso urgir uma petição para abater a tiro os arrefinfadores crónicos de sacos gonadais ou mandá-los coçar pedrinhas com picaretas em campos de trabalho qui sa na Sibéria ou no Casal Ventoso.

E com esta pérola de sapiência me fico.